Idealização

Cada carta que chegava em casa já me enchia os olhos. Saber notícias dos amigos, da família, receber foto de um lugar distante. Era todo um ritual de enlaces. Até o aparato para cerrar a ponta dos envelopes sem “machucá-lo” tínhamos. A carta é uma memória. Minha memória granular. Nas aulas de redação na escola, era a partir das cartas que me encontrava com os esmeros da caligrafia e do contar. Mais tarde soube das cartas importantes que mudaram a vida da minha mãe, as cartas para os amigos que só encontravam este meio para contar vida. Viajei para diferentes paisagens e as cartas eram deixadas antes da partida e escritas nos percursos. Escrevi cartas sem nem ir, para contar para alguém como ficou a vida aqui enquanto a ausência existia, ainda que temporária. Escrever sempre foi um possibilidade terna. Filmar foi o encontro com a textura, o encontro com o olhar do meu com o outro, o respeito pelas histórias que começavam a existir dentro. A cada nova passagem, o desejo de remeter sobre as paisagens, primeiro entendendo a geografia, o espaço, o som, a vida para ser poesia.

Maria Elisa Macedo

Maria Elisa Macedo

Idealizadora

Maria Elisa Macedo é formada em Jornalismo e cursou mestrado de Cine y Teatro latinoamericano em Buenos Aires. Desenvolve trabalhos com audiovisual e comunicação para crianças, jovens e adultos. Produziu seu primeiro filme-carta “Ciudades Visibles” que foi exibido inicialmente no Festival Ciudades Invisibles realizado simultaneamente em Buenos Aires e Belo Horizonte. Entre seus trabalhos artísticos está também a exposição fotográfica “Mira, um olhar sobre Cuba”.

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